O julgamento do ator Alec Baldwin por homicídio culposo avançou nesta quarta-feira para o debate entre acusação e defesa em um tribunal do Novo México.
A estrela de Hollywood apontava um revólver para a diretora de fotografia, Halyna Hutchins, durante um ensaio, quando a arma disparou uma bala que a matou. Baldwin, de 66 anos, disse que não sabia que a arma estava carregada e que não puxou o gatilho.
Kari Morrissey, a mesma promotora que conseguiu a condenação da profissional responsável pelas armas de fogo no set, a armeira Hannah Gutierrez, acusa o ator. A promotora argumenta que Baldwin violou regras básicas de segurança ao manusear a arma no set, e tentará caracterizá-lo como uma estrela de cinema influente que agiu sem controle.
O ator esteve na terça-feira no tribunal de Santa Fé para a escolha do júri, composto por onze mulheres e cinco homens, incluindo suplentes, e que agora tem a tarefa de decidir se ele é culpado pela tragédia. Um de seus advogados, Alex Spiro, aproveitou a seleção para lembrar aos possíveis jurados que seus sentimentos ou opiniões sobre a carreira de Baldwin não poderiam influenciar suas ações.
Baldwin, com dezenas de papéis no cinema e na televisão, se interessou pela comédia nos últimos anos, e chegou a imitar ex-presidente Donald Trump no programa “Saturday Night Live”, o que lhe rendeu afetos e desafetos na polarizada opinião pública.
Spiro e sua equipe apresentarão Baldwin como vítima, que não sabia que a arma estava carregada, não puxou o gatilho e que, como ator, não era responsável por verificar a condição da arma. O juiz descartou em uma audiência preliminar o uso de provas que incriminariam Baldwin em seu papel adicional como produtor executivo de ‘Rust’.
Hutchins, uma estrela em ascensão na indústria, tinha 42 anos quando morreu. Nascida na Ucrânia, cresceu em uma base militar soviética no Círculo Polar Ártico, era casada e tinha um filho. Ela morreu no set em uma pequena capela no Rancho Bonanza Creek, cerca de 30 quilômetros de Santa Fé, em outubro de 2021.
Baldwin ensaiava uma cena em que seu personagem, um fora da lei encurralado por dois agentes em uma igreja, saca seu revólver, quando a tragédia ocorreu. Ele afirma que foi informado de que o revólver estava “frio”, termo usado no cinema para indicar que não há munição e que é segura sua utilização. Balas reais são proibidas nos sets de filmagem.
Após o início das argumentações nesta quarta-feira, o júri ouvirá testemunhas, que devem incluir o diretor de ‘Rust’, Joel Souza, ferido pela mesma bala que matou Hutchins. A lista de possíveis testemunhas inclui David Halls, assistente de direção, que se declarou culpado após um acordo que evitou a pena de prisão, e o fornecedor de armas de fogo Seth Kenney.
Não se sabe se Baldwin fará declarações em sua defesa. O julgamento deve durar dez dias, antes do início das deliberações do júri.
A tragédia interrompeu as filmagens de “Rust”, mas o filme foi concluído no ano passado em Montana, com o viúvo de Hutchins como produtor.