Mais elogiada série original da Marvel, “WandaVision” vai gerar agora uma nova trama. “Agatha Desde Sempre” resgata a vilã daquela história, uma bruxa meio atrapalhada, e a transforma na mocinha da sua própria história na tentativa de emplacar mais uma figura num universo que vem sofrendo com inchaço.
Mas é uma aposta segura. A feiticeira Agatha Harkness, interpretada pela atriz americana Kathryn Hahn, é um dos elementos que melhor repercutiram entre os fãs da Marvel quando “WandaVision” estreou, há três anos.
“Só recebi um telefonema, de repente”, conta Hahn. “Eu não tinha expectativa de que fizessem uma série da Agatha, então nem acreditei quando me disseram. Eu não imaginei que as pessoas gostariam tanto de ver mais sobre ela. Mas agora, quando encontro os fãs, entendo.”
Agatha é uma bruxa ancestral que vê na feiticeira Wanda Maximoff, ex-integrante dos Vingadores, uma chance de aumentar seu próprio poder. Em “WandaVision”, ela se aproveita da fragilidade de uma Wanda enlutada para ludibriá-la em meio à uma cidade de pessoas controladas por magia. Agora, em “Agatha Para Sempre”, é a bruxa quem precisa despertar de uma ilusão para se aventurar com um garoto gótico e outras magas.
O adolescente em questão, cujo nome verdadeiro é mantido em segredo no começo da história, é vivido por Joe Locke, sensação da série “Heartstopper”, em que vive um romance com outro menino. Gay na vida real, Locke é tido como um dos novos representantes da comunidade e, assim, foi escalado pela Marvel para interpretar um personagem que também é LGBTQIA+.
A própria Agatha é uma personagem que caiu bem entre a comunidade, tratada como uma espécie de diva rebelde dentro desse universo de super-heróis tão másculos e certinhos. “Ela é uma pessoa incompreendida, espalhafatosa, e de mente aberta, o que ressoa muito com pessoas ‘queer’”, diz Locke.
Seu personagem, travesso e misterioso, o pôs distante da inocência de “Heartstopper” e o fez acessar outro nível de interpretação, ele afirma. “Aqui a sexualidade não é uma questão, só um elemento como vários outros que compõem sua personalidade, o que indica um avanço em termos de representatividade.”
“Agatha Desde Sempre”, bem como sua série-mãe, está cheia de referências a outras obras de bruxaria. Se “WandaVision” homenageou “A Feiticeira” e “Jeannie É um Gênio”, esta nova traz nos créditos símbolos da bruxa esverdeada de “O Mágico de Oz” e daquela que carrega uma maçã envenenada em “Branca de Neve e os Sete Anões”.
Hahn afirma que Hollywood tem tentado desmistificar a ideia de que bruxa é algo macabro, vilanesco, de se tacar na fogueira. Sua Agatha e a Wandinha lançada por Tim Burton na Netflix há dois anos são prova disso. “Há algo de ameaçador nessas figuras, que vivem suas vidas como querem, sem precisar de homens, que gritam e que são barulhentas. Isso ainda é assustador para algumas pessoas”, diz a atriz.
A história da série também vai aludir a filmes clássicos de horror, diz Locke, que vê com bons olhos a Marvel flertar com outros gêneros. Mergulhado numa crise de criatividade desde que encerrou sua Saga do Infinito, com o “Vingadores” de 2019, o estúdio vem experimentando estratégias para reconquistar a audiência dos tempos áureos.