O selo americano Far Out Recordings anunciou nesta segunda-feira (16) que o músico carioca José Mauro morreu aos 76 anos de pneumonia. Reconhecido por seus dois álbuns lançados nos anos 1970, “Obnoxious” e “A Viagem das Horas”, José foi tido como desaparecido até a Far Out conseguir entrar em contato com ele em 2021.
Seus dois álbuns foram gravados em apenas uma sessão no lendário Odeon Estúdios, no Rio de Janeiro, e lançados pela Quartin Records do produtor Roberto Quartin, também responsável por “Os Afro-Sambas de Baden e Vinicius”. Músicos como Wilson das Neves e Ivan Conti, do Azymuth, participaram das gravações.
Os discos não tiveram muita repercussão e, após o músico decidir renunciar a carreira musical e a vida pública, os rumores se espalharam de que ele teria sido capturado pela ditadura ou morrido num acidente de carro. Na realidade, ele sempre esteve vivendo e trabalhando no Rio de Janeiro, como diretor teatral e professor de guitarra, até ser obrigado a parar de tocar por problemas de saúde.
Foi só após o relançamento de “Obnoxious”, em 2016, que se tornou pública a informação de que o músico estava vivo e vivia no subúrbio carioca. Depois de finalmente entrar em contato com o selo em 2021, José Mauro deu entrevistas ao The Guardian, The New York Times, e outros importantes veículos de comunicação.
A jornalista Ana Maria Bahiana, que compôs letras para os discos do músico nos anos 1970, escreveu para a Folha sobre sua relação com José Mauro em 2021. “Musicalmente, era uma descoberta para mim. Não exatamente bossa nova, a música que Zé Mauro conjurava soava próximo de folk, para mim, passando por camadas de samba, baião, ritmos afro, mas não exatamente isso —algo mais, algo além, algo misturado e apurado em uma alquimia que eu ainda não conhecia”, disse a autora.