Mesmo remarcado para uma hora depois do horário original, 16h55, o show de samba no Rock in Rio só começou quase 15 minutos depois das 17h55. A apresentação que reuniu bambas aconteceu neste sábado (21), o penúltimo dia da edição de 40 anos do festival.
O show foi afetado pela demora e os problemas técnicos na apresentação dedicada ao trap, no palco Mundo, que atrasou mais de uma hora e o antecedeu. O “Dia Brasil”, único que começou sem esgotar ingressos neste Rock in Rio, é dedicado a artistas nacionais, divididos por gênero musical.
A apresentação contou com Zeca Pagodinho como anfitrião, o dono da bola e da quadra na pelada. Ele apresentou e recebeu os convidados, uma seleção de amigos talentosos, interagiu com a plateia, brindou com uma taça de vinho e brincou com os músicos. Tudo com o carisma que lhe é habitual.
Na verdade, pareceu mais um show do próprio Zeca, com participantes que engrossaram o caldo nas performances, entrando e saindo do palco. Só Alcione, a mais aplaudida no palco Sunset durante a apresentação, cantou uma música conhecida em sua voz —”Sufoco”—, depois de dividir os microfones com o anfitrião em “Mutirão de Amor”.
Diogo Nogueira, por exemplo, cantou “Lama nas Ruas”, composição de Zeca com Almir Guineto; Xande de Pilares deu voz a “Minha Fé” e “Patota de Cosme”, famosas com o astro de Xerém; Jorge Aragão fez dueto em “Não Sou Mais Disso”, escrita por ambos; Maria Rita cantou “Casal Sem Vergonha” e “Alto Lá”, do repertório dele.
No resto do tempo, quem brilhou foi mesmo Zeca, que desfilou seu cancioneiro —um dos mais conhecidos e relevantes da música brasileira. Teve “Camarão que Dorme a Onda Leva”, “Ser Humano”, “Quando a Gira Girou”, “Saudade Louca”, “Judia de Mim”, “Ogum”, “Vai Vadiar”, “Verdade”, “Faixa Amarela”, “Maneiras” e por aí vai.
Xande, que dois dias antes comandou um show animado que parecia festa de firma no Espaço Favela, brincou com o amigo. “Ô, Zeca! Vai cantar, não? Veio fazer o quê?”, ele disse, fazendo referência a uma piada deles numa live que Zeca fez neste ano para arrecadar dinheiro para as vítimas das enchentes no Rio Grande do Sul —que, aliás, teve quase o mesmo elenco do show do samba no Rock in Rio.
O clímax do show, que lotou o palco Sunset e pegou uma chuva fina na reta final, foi quando todos os convidados voltaram ao palco para cantar “Coração em Desalinho” e “Deixa a Vida me Levar”, com o anfitrião. A música é a cara do Rio de Janeiro, presença constante nas rodas de samba da cidade, e foi recebida com a devida importância.
Não dá para dizer que Zeca no palco com essas lendas da música brasileira é pouca coisa —menos ainda com uma banda talentosa e numa cidade que ambienta e conhece tão bem esses versos. Só poderia ter sido anunciado exatamente como o que foi, um show de Zeca Pagodinho com participações de seus amigos.
O jornalista viajou a convite da Natura