O guitarrista brasileiro Mateus Asato, nascido em Campo Grande (MS) e radicado nos Estados Unidos, teve a oportunidade de trabalhar com Bruno Mars entre 2019 e 2022. Durante esse período, ele participou de apresentações ao lado do cantor e também integrou o projeto Silk Sonic, parceria de Mars com Anderson .Paak, incluindo uma performance marcante no Grammy Awards de 2022.
Atualmente, Asato não faz mais parte da banda do artista, tendo sido substituído por Luke Aiono após optar por focar em sua carreira solo. No entanto, as lembranças dessa experiência continuam sendo positivas.
Em entrevista à Guitar World, ele revelou alguns detalhes sobre sua convivência musical com Bruno Mars. Segundo Mateus, as diferenças entre suas abordagens na guitarra tornaram a colaboração ainda mais especial. "Há semelhanças, mas nossas diferenças são o que tornam esse encontro tão bonito. Sempre há cartas que você pode jogar na mesa para impressionar o outro músico."
O guitarrista destacou que o som de Mars é fortemente influenciado pelo funk americano dos anos 1970, um estilo que nunca foi seu ponto forte, mas que ele se esforçou para incorporar. "A música dele é liderada pelo funk dos anos 70 e, embora eu nunca tenha dominado o funk, tentei cobrir o básico. Estou chegando como algo diferente – sou um solista. Bruno percebeu que poderia funcionar por causa disso."
Apesar de já ser um músico renomado e ter trabalhado com artistas como Jessie J, Tori Kelly e Sandy, Mateus ficou impressionado com a versatilidade e talento de Mars. "Ele é um músico brilhante, um cantor e dançarino excepcional que toca bateria e guitarra. Fiquei impressionado naquele primeiro ensaio."
Mesmo sabendo que seu perfil não era exatamente o mais alinhado ao estilo do Silk Sonic, ele percebeu que sua abordagem na guitarra poderia ser um diferencial. "Eu sabia que havia guitarristas mais apropriados para o show do Silk Sonic. [Mas] Bruno sentiu que era uma ótima combinação porque eu poderia fazer as coisas de ‘fritação’ de guitarra por cima."
Em entrevista anterior ao podcast Amplifica (via site Igor Miranda), Mateus contou que sua entrada na banda de Bruno Mars aconteceu de maneira inesperada. Ele foi chamado inicialmente apenas para substituir o guitarrista titular, que precisou se ausentar temporariamente. No entanto, a conexão foi tão boa que o convite se estendeu para o Silk Sonic.
"Acabou que se rompeu com o outro guitarrista dele, o antigo guitarrista do Bruno foi fazer outro trabalho. Ele falou: ‘Mateuzão, tem esse projeto para 2022 chamado Silk Sonic, e a gente quer você’. Era o projeto paralelo do Bruno com o Anderson .Paak, uma mistura de Earth, Wind & Fire com algo moderno, mas anos 1970 total. Ele falou que ficaria 2022 total no Silk Sonic. Então fiquei naquela: ‘vou fazer meu trampo ou isso?’. Então decidi que não poderia deixar passar. Difícil dizer ‘não’ para algo que eu já sabia que seria temporário. Além disso, era algo anos 1970 e eu não sabia tocar nada de Michael Jackson, James Brown, etc. Vi que seria uma grande escola para mim."
O guitarrista seguiu com o projeto até fevereiro de 2023, quando decidiu encerrar sua participação para focar em sua carreira solo, que em breve deve resultar em um novo álbum. Ele admitiu, no entanto, que gostaria de ter ficado um pouco mais para se apresentar com Mars no festival The Town, em setembro de 2023.
"A balança começou a pesar mais. Gostei muito de tocar, mas a realização de ter me firmado com alguém conhecido mundialmente na posição de sideman estava completa. Perfeito, mas falei: ‘agora é hora de ir para o próximo capítulo da minha vida; vou dedicar tempo às minhas coisas’. [...] Já não estava mais com ele nos shows no Brasil, o que foi uma pena, pois eu saí da banda e, 15 dias depois, ele anuncia show no Brasil. Mandei uma mensagem zoando: ‘Sério? Nem para me avisar, pedir para ficar mais um pouco’. Mas enfim, 2023 teria que ser o ano. 2020 era para ter sido. Então fiz o ano todo com o Bruno, entendi o que é ser um sideman de um cara mundialmente conhecido, realizei todos os sonhos que eu queria."
Mesmo sem estar presente no show de Bruno Mars no Brasil, Mateus Asato teve uma influência indireta na apresentação. Ele foi o responsável por sugerir a inclusão de Evidências, clássico de Chitãozinho & Xororó, no repertório do artista.
Em entrevista ao Altas Horas, Xororó comentou sobre o episódio:"No começo, quando me contaram, achei que tivesse sido o próprio Bruno, mas depois eu soube que foi o músico dele que tocou, o John Fossit [tecladista]. [...]. Foi o Mateus Asato quem indicou, o Bruno pediu para ele indicar três músicas daqui, e ele disse que ‘Evidências’ era um hino nacional."
